Como toda novidade, também começamos num mar de ansiedades. Com sorrisos tímidos de ambos os lados. O medo do desconhecido, de mostrar o que não deve ser visto...
Mas essa fase durou pouco. Logo percebi que ele recebia de bom grado tudo o que eu tinha pra mostrar. Que não julgou minhas atitudes, meus medos... nem mesmo julgou-me por minhas outras paixões. Acolheu-me silenciosamente em braços macios que pareciam capazes de envolver o mundo. E assim, protegida, deixei que ele se tornasse o centro de tudo. Assunto de todas as conversas, motivo de inúmeros conflitos com aqueles ao meu redor. As brigas foram tantas, as circunstancias tão adversas, que eu tentei deixá-lo.
Foi terrível. Só aqueles que já perderam um grande amor entenderão o que digo. Foi como arrancar do peito uma parte de si. Perder o rumo. Não. Mais que isso: perder a razão. A dor foi tão forte que dei as costas para o mundo. Voltei a procurá-lo, agora certa de que nos pertencíamos.
Ele me recebeu como se eu nunca tivesse partido e voltou a encher meus dias de uma alegria sublime. Eu o desejava todos os dias e a cada encontro me sentia mais completa.
Nossas últimas semanas foram lindas. Mágicas. Sempre estamos em meio à multidão. Sempre sós. Imersos um no outro, alheios a tudo. Com ele, sou o que quiser. Dona de uma liberdade digna de aplausos (que de fato recebo).
Essa noite foi ele quem partiu. Porque era hora. Meu coração encheu-se de uma agonia lodosa e acha que não sabe o que fazer. Mas nós nos encontraremos de novo. Logo. Ele é parte de mim e, se necessário, viro tudo do avesso pra encontrá-lo em uma esquina qualquer.
Até breve.
Sem pé nem cabeça
Há 10 anos
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