3 de dez. de 2009


Acho que vez ou outra, todo mundo pensa uma coisa dessas. Quer dizer, é o tipo de ideia que se vê nos livros, nos filmes ou até mesmo nos amigos que resolvem compartilhar um arrependimento. A ideia do "E se...".
Adimito que nunca gostei muito desse tipo de ideia, porque sempre idealizei o passado. Foi o passado que te trouxe até aqui, e você sabe que o passado sempre vai estar alí pra você. Vai te amparar, caso você pense em cair. Te ensinar algumas lições. Essa baboseira toda.
Eu ainda levo fé nessa baboseira, mas enquanto caminhava entre as árvores, o "e se..." me assaltou. A paisagem emoldurava uma lembrança irreal, que me projetava num presente que eu nunca tive a chance de viver.
Na tarde ensolarada, enquanto minha pele queimava ao sol do meio-dia, meu corpo sentia o frio dos meses que há muito passaram. A multidão que já nem existia, sumia amedrontada pela lembrança que eu construi.
Eu encontrava os lugares onde estivera, via as marcas das minhas mãos na terra úmida, enquanto o ar era tomado pelo aroma perfeito. Um misto de cheiros: o vento, as flores, o amor e a pele. Doce e suave.
Os risinhos baixos invadiam meus ouvidos e traziam o calor de dezembro, contrastando com o frio do presente. A brisa me embalava e minhas mãos balançavam no rítimo de uma balada tocada no piano.
Eu sentia toda a segurança de estar rodeada de quem me quer bem, enquanto estes se afastavam pra me dar alguma privacidade. Um sorriso convicto. Um presente perfeito.
O imaginário e o real eram um só, e o "e se..." era parte de mim.
Era a certeza de que tudo estaria certo, se fosse como não foi.
Não me leve a mal, a cena ainda era bela, eu ainda sorria, mas me faltava algo. Me faltava a mentira que o "e se..." me contou.

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