Minha mente parada no tempo mostrava no espelho os dias que eu não vivi. Entre passado e futuro, o presente era um abismo do qual eu não podia escapar.
Enquanto os lábios estavam calados, os joelhos tremulos pediam por uma vingança que eu não iria alcançar.
Enquanto o movimento se dava, meu eu se dividia em dois, cada eu levava um pedaço de mim.
A emoção e a razão se chocaram, e desse choque eu emergi. Diferente. Como se durante a batida, a configuração do meu corpo tivesse mudado.
Eu puis os pés no chão sem sentir a textura da grama, e os pensamentos perderam as palavras enquanto se convertiam em emoção.
A emoção se convertia em pensamento, talvez pela primeira vez. Os olhos mandam as mensagens das emoções, que agora fazem parte da razão. Enquanto isso, os lábios mentem convictos, pra satisfazer meu coração.
No espelho me encara um sorriso descrente, um olhar maduro e um coração pensante. A cabeça perde a rima, e os olhos perdem o foco. Eu perco o equilíbrio enquanto tento sentir o chão.
"Não sermos literais às vezes faz nossa beleza."
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