10 de nov. de 2009

Apresentando

Ele é... diferente. De tudo o que eu já conheci. E eu o conheço há muito tempo.
No começo a gente lutava, e quando eu tentava o afastar falando mais alto, ele chegava mais perto de mim. Teimoso. Mas sabe, acho que ele só estava fazendo o que achava certo, e acabou tornando-se certo com o passar do tempo.
Há tempos nos quais ele me crucifica. Berra alto dentro de mim, e grita tudo o que eu não gritei. É ensurdecedor. Me maltrata. Faz meus ouvidos sangrarem.
Ele me segura pelos punhos e joga meu corpo contra a parede. Me machuca. De boca calada e com as mãos nas minhas, ele dá um jeito de arrancar meu coração. Apertá-lo veementemente e sem dó.
Há tempos nos quais ele é meu melhor amigo. Entende meus problemas e entende que eu não poderia falar. Então ele senta ao meu lado e me completa.
Me olha sem expressão e eu não me preocupo em encará-lo. Ele sabe que não é preciso, e que olhar em seus olhos me faria chorar.
No tempo certo ele me traz pra perto. Me abraça, brinca com meus cabelos. Eu ouço seu coração bater tranquilo e me acalmo. Paro de tremer e volto a raciocinar.
Eu o agradeço e ele vai embora. Geralmente depois do jantar. Não me importo em dividir minhas refeições com ele. Minha mãe no entanto, não parece sentir o mesmo. Nunca o viu com bons olhos, mas nunca procurou conhecê-lo como eu. Meu pai parece que nunca o notou. Mas eu não o deixaria voltar sem um prato de comida.
Em público, ele me defende. Seja de quem for. Ele não tem medo de ninguém, e mesmo enquanto briga com quem me machuca, não tira os olhos de mim. Ele é terno e atencioso.
Às vezes ele se constrange. Sente que não é bem-vindo, bem visto. Tem lá seus problemas de auto-estima. Mas ele vai levando, e parece que leva bem.
Eu o amo. Eu nasci para ele, e ele nasceu para mim. Só que... Sabe como é, não podemos ficar perto um do outro por tempo demais, o ciume impera nessa relação.
Mesmo assim a gente se vê sempre, são raros os dias nos quais ele não me surpreende no meio da noite, sussurrando ideias.
Meu querido, meu amado, minha metade, meu silêncio.

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