Hoje eu acordei com a inebriante sensação de te ter.
Eu ouvia as batidas do seu coração; leves, calmas, constantes. Elas levavam pra longe a dor que assolava meu corpo.
Eu sentia teus dedos suaves afagando meu rosto. Eu via teu olhar terno, pedindo pelo meu sorriso, inevitável ao teu toque.
Eu sentia teus braços ao meu redor. Sentia o cheiro doce e suave da tua pele, tão presente... O ar do qual eu precisava.
Você massageava as costas da minha mão com movimentos circulares, gerando energia que soprava vida entre nós.
Meus lábios mergulhavam nos teus, no beijo calmo e intenso.
Minha nuca se arrepiava com as palavras que você sussurrava gentil. Enquanto o mundo sumia ao meu redor e só restava você. Éramos um, e éramos o todo.
A luz do seu olhar refletia a felicidade que nos pertencia, a nós e a mais ninguém.
Eu via teus beijos ousados, em momentos inapropriados, sempre seguros demais. Teu coração inalterável contrastava com o martelar frenético que o meu imprimia.
Hoje, eu acordei contigo, na cama pequena e vazia. Não estavam lá seus dedos, seus lábios ou seu olhar. Apenas a mais completa lembrança. O mais vívido passado. A mais presente ausência, o mais eterno amor.
Hoje, você trouxe de longe a felicidade completa. Veio até mim, fez tudo de novo e nem percebeu. Voltou adormecido para casa, e acordou com seu outro amor. Hoje você foi meu por inteiro. Por segundos que duraram horas, dias e meses. Me fez feliz, e nem se esforçou.
Sem pé nem cabeça
Há 10 anos