Ps.: Como o texto é grande, o dividi em capítulos pra não ficar maçante demais.Olá meu querido, tudo bem? Espero que sim.
Eu vou bem, obrigada por perguntar. Diria até que estou ótima, não fosse o tom irônico e quase ofensivo que a palavra pode dar, conforme a maneira como é lida. Então eu estou bem. Apenas bem.
Se não se importa, hoje eu gostaria de deixar de lado o tom literário. Gostaria até mesmo de deixar de lado o tom melancólico.
Hoje eu gostaria de compartilhar contigo algumas memórias que lhe são conhecidas. Gostaria de mostrá-las sob o meu ponto de vista.
Peço, por favor, que não se sinta exposto. Espero que entenda que esse é um agradecimento.
Me peguei hoje revirando livros que já li milhões de vezes, e vi minhas memórias refletidas nas narrações dos autores. Então percebi como estas memórias são leves, como o peso destas estava dentro de mim, como poeira incrustada numa viseira que eu aparentemente removi.
Mas chega de blá, blá, blá. Eu vim aqui pra contar uma história. E agora chegou a hora.
Na primeira vez que te vi, não imaginei nada disso. Não mesmo. Nem passou pela minha cabeça. Só cogitei a possibilidade de tal vislumbre futuresco na terceira ou quarta vez que te vi. Sim. Tão cedo. Mulheres, sexto sentido, ninguém entende muito bem.
Mas é claro que tal vislumbre não fazia o menor sentido, e eu fiz questão de esquecê-lo.
O tempo foi passando e... Bem, uma vez um amigo me disse, que segundo um filosofo qualquer, cujo o nome não me recordo, uma pessoa é forçada a gostar de outra quando esta 'outra' gosta de 'uma'.
Por mais que não faça sentido e muitas vezes não se aplique na prática, acho que foi isso mesmo que aconteceu. De forma fraca. Mas ainda era cedo demais.
De repente as coisas mudaram, e quando eu vi, eu não tinha mais minhas mãos livres.
Vou te contar, não é papo. Você realmente sabe ser discreto; não só as pessoas ao nosso redor não notaram nada, como não notei eu, por um minuto ou dois.
Quando senti minha mão na sua, olhei em seus olhos com um tom que variava entre o susto e a brincadeira, como quem diz "olha só o que a gente fez e não percebeu".
Porém, teus dedos deslizaram por meu cabelo, mostrando que você percebera o que fazia. Não vou citar teu terceiro ato. Ambos sabemos o que aconteceu. O fato é que eu me afastei, pareceu que era demais.
Nos dias seguintes, eu comecei a beirar a loucura. Jurava pra mim que era coisa da minha cabeça, e você fazia questão de me provar que eu não estava enlouquecendo.