"De jeito nenhum", ele diz enquanto busca mais uma dose.
Os olhos capturam um sorriso e suplicam ao coração embriagado.
"Mas é claro que sim!", se contradiz contente o coração.
Vem o tempo. E a consciência.
"E se der errado?!", pergunta ofegante o pulmão.
"É melhor do que ficar aqui esperando." protestam os pés.
"Para onde? Com quem? E a vida? E depois? Para onde?" discutem aflitos os dedos trêmulos.
"E ele?", pergunta o peito.
"Já foi. Não vai voltar." intromete-se o cérebro.
Por um instante todos param.
"De jeito nenhum..." ele repete, e já não sabe mais a quem responde.
"E nós?" manifestam-se os olhos.
"Já passou da hora de fechar." adverte o cérebro sem muita autoridade.
"Calem-se." diz a alma com candura. "Vai dar tudo certo. Descansem; e quando estiverem todos em silêncio, encontrarei uma solução."
Sem pé nem cabeça
Há 10 anos