16 de nov. de 2010

Um fragmento do eterno

É o melhor momento da minha vida.

São cinco, talvez seis da manhã de um domingo simples. Tudo é silêncio e um anjo repousa em meus braços. Posso sentir seu coração batendo, o que lhe faz parecer humano. Seus olhos se movem, rápidos, denunciando um sonho que desconheço.
Uma de minhas mãos lhe acaricia os cabelos escuros, enquanto a outra vaga por seu rosto e por seu corpo tentando assegurar-se da realidade de um sonho do qual não se quer despertar. Meus lábios percorrem sua face, distribuindo-lhe beijos leves que ele, mergulhado em sonhos, não notou.

10 de nov. de 2010

235.200 segundos

Que insistem em não passar.

Alguém avise ao tempo que ele se perdeu. Que está dando voltas sem sair do lugar.
Uma, duas, dez. O relógio se arrasta e eu juro, por tudo aquilo que eu ousar sagrar, que ele continua exatamente no mesmo lugar. As horas assistem as voltas do ponteiro vermelho, tão aturdido quanto meu coração. Desistiu de correr e agora se arrasta enquanto tenta avançar, sem sucesso algum.
Minhas mãos procuram a engrenagem que devolverá à ele o ritmo veloz. De nada adianta. Não cabe ao relógio fazer caminhar.
O caminho cabe aos meus passos e num mundo feito pra nós, os espaços teimam em me cercar. Eu, você, um relógio desesperado, descompassado, procurando pela lenda do tempo.
Mais nada, mais ninguém.
Meus passos se sentem pequenos enquanto tentam te alcançar. Sentem-se minúsculos, ridículos.
Me resta manter a calma, procurar pela sanidade e pela conformidade de esperar.