24 de ago. de 2010

Um convite prolixo

Deve ser coisa de adolescência, mas acontece toda vez que eu saio de casa.
Eu entro no ônibus e alcanço um lugar da janela. Logo, somem todos os rostos ao meu redor. Todo som é silenciado pela música que soa consistente e sólida em meus ouvidos e as imagens perdem a forma para tornarem-se apenas um apinhado de cores e luz.
A única coisa que me resta é um punhado de palavras leves e sem pretensão alguma, que escorrem pelos dedos na hora certa.


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Me diga, você viria comigo? Apenas em silêncio? Deixaria que ele nos guiasse pra qualquer lugar onde o pôr-do-sol fosse a única imagem que fizesse sentido aos nossos olhos foragidos?
Você viria sem perguntar por quê? Sem precisar de convite, ou até mesmo de razão para estar alí?
Ao chegar lá, você saberia a hora certa de pegar minha mão? De encontrar meus lábios e cair no chão? Saberia que então contaríamos estrelas, esperando que elas caíssem do céu; e preguiçosas, repousassem e adormecessem em nossas mãos?
Passaria a noite ao meu lado, dizendo qualquer bobagem ao pé do meu ouvido só pra encontrar o meu sorriso?
Me diga, mesmo que não lhe faça sentido, depois desse humilde pedido... Você esqueceria do mundo e fugiria comigo? Pra qualquer lugar, um lugar comum; distante do resto e tão perto de tudo... Um lugar qualquer; simples, calado? Você viria só pra estar ao meu lado?

13 de ago. de 2010

Por onde ando

Entenda, por favor, que esse texto não tem a mínima pretensão de receber atenção ou elogios. Ele somente serve aos meus anseios, às necessidades que criei antes mesmo de saber como desenhar no papel minhas impressões de mundo.

E as palavras? E as histórias? Os segredos? Os amores? E as dúvidas?
Cinco perguntas que eu escrevi sem ter uma resposta. Sem ter ao meu lado a inspiração para juntar as letras num texto minimamente decente. Havia apenas aquela sensação estranha na ponta dos dedos de quem precisa falar. Com os dedos, é óbvio. O som das palavras é muito mais belo quando estas estão desenhadas num lugar qualquer.
Mas é tarde para reparos. As perguntas gritam no papel e eu preciso, mesmo que de forma nada satisfatória, respondê-las.
As palavras, meu caro, continuam ao meu lado. Silenciosas; há momentos nos quais esse silêncio me dói.
As histórias nunca foram tão interessantes. As histórias talvez sejam apenas minhas, mas eu adoraria poder contá-las a você. Talvez o faça quando as palavras recuperarem a voz.
Os segredos... Continuarão guardados, e eu pouco tenho a lhe confessar.
Os amores perderam seu fim. Os amores agora são apenas um. Bem como a dúvida.Vamos tratá-los de forma correta.
O amor talvez seja o culpado pelo silêncio pasmo das minhas palavras. O amor pois um sorriso no meu rosto que insiste em não sumir. O amor tomou meu eu e veio até mim de forma... eu não diria inesperada, mas sim, surpreendente.
A dúvida procura desesperadamente uma expressão. Uma voz. As palavras continuam caladas e assim o eco dos gritos internos não se fazem ouvir. Não se pronunciam. Vez ou outra, a dúvida alcança meus olhos, e por alguns minutos, eu consigo procurar uma resposta. O tempo não é suficiente, e antes que eu perceba, elas são emudecidas.
A dúvida, portanto, procura por onde caminhar sem censura, num quase desespero, invisível aos olhos meus.