18 de jul. de 2010

O que define saudade?

A pergunta que acordou comigo, não encontrou resposta num dicionário. Envolvida pelo frio que me agarrava com força, minha única opção era buscar sozinha uma definição que não demorou a aparecer.
Saudade é uma daquelas perguntas que perdem o sentido quando se encontra a resposta. É a vontade pesada e silenciosa que invade os sonhos do capitão imponente de um navio pirata. A vontade de pisar em terra, atracar o barco num porto seguro e esquecer-se do mar.
Meu coração, bobo e prepotente, fez sempre a mesma rota segura e curta; num mar tranquilo, em dias de sol. Até que encontrou uma tempestade.
Sentiu-se grande, digno de respeito, e enquanto se engrandecia diante de si, afastou-se da rota, se viu perdido. Bobo, não quis se importar.
De olhos abertos e sorriso no rosto, encontrou um farol.
E encantou-se. Esqueceu-se da entrega que deveria fazer. De outros portos, dos dias de sol. Por horas, ele navegou na chuva em direção ao porto que nunca conhecera. E não o encontrou.
Com o fim da tempestade e a volta da calmaria, meu capitão voltou a si. Focou-se em recuperar a rota, em fazer entregas. Nos belos e seguros portos corriqueiros.
Mas aquela tempestade o transformou. Meu coração não mais descansa em terra e, imprudente, anseia por uma tempestade toda vez que iça as velas.
Desvios de rota que quase não aconteciam, agora são rotina. Ele vai o mais longe que pode. E para. Sai da cabine. Procura, encontra. Sorri e descansa. Diante do farol distante, o capitão se esconde de todos e observa por horas a luz lhe tocar.

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