21 de jul. de 2010

Telefone

Pra mim
Engraçado é ver nossas vozes colidindo
em tom ansioso,
um nervoso gostoso...

Menos de um minuto,
menos que uma canção.
Meu sorriso bobo no rosto
Por uma quase ligação.

Primário, sim. Ruim? Também. Tão sincero quanto se pode ser.

18 de jul. de 2010

O que define saudade?

A pergunta que acordou comigo, não encontrou resposta num dicionário. Envolvida pelo frio que me agarrava com força, minha única opção era buscar sozinha uma definição que não demorou a aparecer.
Saudade é uma daquelas perguntas que perdem o sentido quando se encontra a resposta. É a vontade pesada e silenciosa que invade os sonhos do capitão imponente de um navio pirata. A vontade de pisar em terra, atracar o barco num porto seguro e esquecer-se do mar.
Meu coração, bobo e prepotente, fez sempre a mesma rota segura e curta; num mar tranquilo, em dias de sol. Até que encontrou uma tempestade.
Sentiu-se grande, digno de respeito, e enquanto se engrandecia diante de si, afastou-se da rota, se viu perdido. Bobo, não quis se importar.
De olhos abertos e sorriso no rosto, encontrou um farol.
E encantou-se. Esqueceu-se da entrega que deveria fazer. De outros portos, dos dias de sol. Por horas, ele navegou na chuva em direção ao porto que nunca conhecera. E não o encontrou.
Com o fim da tempestade e a volta da calmaria, meu capitão voltou a si. Focou-se em recuperar a rota, em fazer entregas. Nos belos e seguros portos corriqueiros.
Mas aquela tempestade o transformou. Meu coração não mais descansa em terra e, imprudente, anseia por uma tempestade toda vez que iça as velas.
Desvios de rota que quase não aconteciam, agora são rotina. Ele vai o mais longe que pode. E para. Sai da cabine. Procura, encontra. Sorri e descansa. Diante do farol distante, o capitão se esconde de todos e observa por horas a luz lhe tocar.

2 de jul. de 2010

Retorno

Confesso que às vezes esqueço. Onde ela mora, onde ela me encontra... Esqueço por tempo demais.
Então, quando eu paro de pedir e simplesmente faço o que devo, ela aparece.
Vem carregada por anjos cientes do que trazem consigo. Vem com um sorriso bobo nos lábios que me faz esquecer de chamá-la de cínica. Cínica por ter sumido assim de repente; de achar-se livre pra ir e vir, de pensar que é importante a ponto de me fazer correr atrás dela, ou esperá-la até que ela tenha a boa vontade de aparecer.
Eu esqueço porque ela traz nos olhos tranquilos a certeza irritante de quem nunca cometeu um erro sequer.
É quando eu penso que devo parar de andar por aí de olhos fechados e tirar os sapatos.
Sentir o chão e me permitir. Então os anjos me acolhem, a colocam em meus braços, e ela é minha. Só minha. E eu faço questão de exibi-la. Eu a tenho nos lábios e ela tem o mundo nas mãos. Prepotente, celestial; simplesmente felicidade.