4 de ago. de 2009

Flores

Rosa tirou os olhos da televisão e olhou para o relógio. Levantou-se e abriu a porta para o marido, que a qualquer momento deveria chegar. Paulo entrou na casa, sorrindo orgulhoso e com as mãos para trás. Trouxera rosas para Rosa.
Rosa recebeu as rosas, que naturalmente eram cor-de-rosa, sem muito se importar. Agradeceu e voltou-se a sentar. Era de se estranhar que Rosa, ela mesma, não gostasse de rosas. Dizia que eram um clichê. A verdade é que ela só via os espinhos. Rosa queria mesmo eram margaridas.
Do outro lado da cidade, Margarida sorria boba ao namorado novo, não menos orgulhoso, que lhe trouxera flores de jasmim. Menos óbvias do que rosas, e tão simples quanto margaridas. Tão belas quanto Margarida.
Observava a cena uma flor sem nome, que já fora dama da noite, mas que agora, e já há muito tempo, se via desiludida. Uma velha senhora solteira, que invejava Rosa e Margarida. Por ironia do destino, era tia do florista.
A tarde caia, enquanto os amantes declaravam seu amor, e a velha senhora, farta de tudo isso, regava seus amores-perfeitos, quase em desespero, esperando-os florescer.

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