27 de jul. de 2009

Três fases de um coração circular

Começa num susto. Daí a dúvida. A aceitação. O afeto. Depois vem o medo, que é a parte mais sensata de tudo isso. Depois, a dúvida; de novo. Então o progresso. A necessidade, a dependência quase irreal. Daí a felicidade. O vício. Aos poucos, vem a leveza. O amor.
Então vem o tempo. Depois do tempo, vem a dor. A dor dilacera. Destrói. Vem como vendaval, leva tudo embora. Esvazia. Pressiona o peito contra si mesmo. E mais nada. Vazio.
Depois o cansaço de si mesmo. Uma descarga de amor-próprio depois de um período de desamor. A cabeça erguida, o peito vazio. Os olhos curiosos, procurando pela luz. Os ouvidos atentos, procurando pelas batidas de um coração.

Parece belo, mas não é. É uma relação parasitária e egoísta. O outro, vivendo do um. Roubando o ar.

Mas te traz alegria, e você volta a viver.

Não. Não. Esqueça tudo isso. O amor é lindo. Essas palavras ingratas e apressadas são parte da produção literária de quem ainda está preso ao segundo parágrafo. Imagino, que se chame, desabafo.

26 de jul. de 2009

O último suspiro

Às vezes dói.
Às vezes machuca.
Às vezes eu queria fugir. Voltar no tempo. Deixar pra trás. E eu nem sei por quê.
É por isso que eu continuo sorrindo. É por isso que eu continuo amando. Por isso eu ainda estou aqui. Olhando pra frente. Porque eu não sei porquê.

22 de jul. de 2009

Atenção

Vem, vai embora. Me ama, me odeia. Faz tudo o que tem direito. Não é de ontem que você me tem.
Mas por favor, faça tudo com verdade. Não faz comigo o que eu jamais ousaria fazer contigo. Seja sincero por todo o tempo. Não só comigo. Seja sincero com você.
Não me abrace quando não me quiser por perto. Esses joguinhos só fazem sofrer.
Faça com que eu derrame um mar de lágrimas se preciso, eu nem ligo, afinal. Mas não jogue. Jamais. Nem por um minuto pense em brincar com meu coração.
Esse não é um pedido, um lamento, nem mesmo uma ameaça. Esse é um aviso.

16 de jul. de 2009

Palavras demais

Eu procurei, incansável, definir teu papel, usando palavras alheias. E falhei.
Eu tentei, de forma persistente, dizer que te amo usando palavras demais. E falhei.
Eu tentei encontrar algo belo pra escrever sobre um momento triste e exagerado, coisa de quem começou a amar. E talvez tenha falhado. Em alguns dias analisarei melhor esse tópico.
Eu tentei chorar, e falhei.
Tentei sorrir, e falhei.
Tentei não pensar em você, e falhei.
Tentei não pensar em mais nada, e falhei.
E foi quando eu desisti. Vi que as palavras não faziam sentido como deveriam.
Percebi que a única coisa que eu realmente quero dizer, é que sinto falta de ouvir teu coração bater.

5 de jul. de 2009

Roubando Tragédias

Um dia de sol, num parque qualquer, os olhos da moça eram estáticos. As mãos eram tensas. A cena era bela e não fosse o estado de choque, ela choraria. Não de alegria ou comoção. Choraria de dor. Um beijo selava o último golpe. Era o último suspiro de um coração cansado.
Mas, injusta como era a vida, nem mesmo o beijo lhe pertencia. Não. O beijo era do rapaz. Ele não viu a moça.
Com o fim de um amor, outro nascia. Entre o rapaz e... Entre o rapaz e quem? Do banco eu não avistava o outro lado do beijo. As lágrimas da moça refletiam somente o rosto do rapaz. Imagino que ela também não tenha reparado em quem o rapaz beijava.
Eu ouvia seu coração, descompassado, aflito, querendo fugir. Eu sentia suas pernas, pesadas, teimando em não se mover. Eu estava em suas memórias, passando como filme, rápido demais. Eu era sua visão, conturbada, transbordando lágrimas.
Do outro lado da praça, sem ser ouvida, eu disse a ela que desviasse os olhos.
Então, ela se libertou. Os segundos voltaram a passar e ela correu. Ela tropeçava nos próprios pés, e não sei se dizer se chorava ou sorria. Não sei para onde foi nem o que fez. Aquela vida não era mais minha.
Voltei meus olhos para o parque, à procura de outra vida para viver, de outra história pra roubar.