Começa num susto. Daí a dúvida. A aceitação. O afeto. Depois vem o medo, que é a parte mais sensata de tudo isso. Depois, a dúvida; de novo. Então o progresso. A necessidade, a dependência quase irreal. Daí a felicidade. O vício. Aos poucos, vem a leveza. O amor.
Então vem o tempo. Depois do tempo, vem a dor. A dor dilacera. Destrói. Vem como vendaval, leva tudo embora. Esvazia. Pressiona o peito contra si mesmo. E mais nada. Vazio.
Depois o cansaço de si mesmo. Uma descarga de amor-próprio depois de um período de desamor. A cabeça erguida, o peito vazio. Os olhos curiosos, procurando pela luz. Os ouvidos atentos, procurando pelas batidas de um coração.
Parece belo, mas não é. É uma relação parasitária e egoísta. O outro, vivendo do um. Roubando o ar.
Mas te traz alegria, e você volta a viver.
Não. Não. Esqueça tudo isso. O amor é lindo. Essas palavras ingratas e apressadas são parte da produção literária de quem ainda está preso ao segundo parágrafo. Imagino, que se chame, desabafo.
Sem pé nem cabeça
Há 10 anos