Os olhos curiosos ao meu redor me perguntavam quem era aquele menino que andava comigo. De mãos dadas, seguro, me exibindo como um troféu.
O menino não era menino. Era homem. Era fulano. Trazido pelas estrelas, levado pelo vento.
Era desses príncipes que não se vê num conto de fadas ordinário. Era o tipo de coisa que faz a vida da gente valer à pena.
Mas é claro, era passageiro. Foram três noites até que um vendaval o levasse pra longe.
Fulano tão perfeito; fulano, uma ilusão. Fulano, um delírio. Um sonho do qual não se quer acordar. Fulano uma mentira.
Às vezes, andando de trem, dou com fulano me observando do lado de fora. Sempre muito alinhado, ele dança com fulana. Fulana é delicada; fulana é bailarina. Fulana nasceu pra fulano.
Nesse mundo tão perfeito, fulana não sou eu.
Sem pé nem cabeça
Há 10 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário