28 de jun. de 2009

Tempo

Vamos ver se faz sentido, depois de tanto tempo. Ver se faz sentido ler um livro, deitar no céu. Se ainda faz sentido te esperar, se meu coração ainda bate. Se meu sorriso ainda encanta, se minha alma ainda canta. Se minha fé ainda existe, se é que um dia existiu.
Vamos ver se meus olhos ainda suplicam, se minhas memórias ainda te tem. Se eu ainda sei brincar de pega-pega, pique-esconde e polícia e ladrão.
Se eu lembro como se anda descalço e como se chupa limão. Se eu ainda sei esperar as estrelas sem tocar em tuas mãos.
Se eu sei fazer castelos de areia e bolhas de sabão. Dobraduras de papel: chapéu de soldado, barquinho e avião. Se eu sei nadar no rio, correr na rua, me perder.
Quero apenas saber se eu posso viver em dois mundos, dando um passo de cada vez. Quero continuar crescendo sem ver. Mais do que isso, sem esquecer. De cada dia de uma infância não tão distante, que não sei se passa, ou se já é passado.

14 de jun. de 2009

Tortura

Às vezes eu preciso dizer o que ninguém pode ouvir. Antes eu escrevia. Como agora tudo que eu escrevo é arquivado aqui, escrever deixou de ser opção. Tolice, eu sei, mas eu tenho dessas coisas.
Maldita hora em que eu fui criar isso aqui. Maldita. O silêncio me tortura e tudo que eu quero é gritar.

13 de jun. de 2009

Sonho Perdido

Os olhos curiosos ao meu redor me perguntavam quem era aquele menino que andava comigo. De mãos dadas, seguro, me exibindo como um troféu.
O menino não era menino. Era homem. Era fulano. Trazido pelas estrelas, levado pelo vento.
Era desses príncipes que não se vê num conto de fadas ordinário. Era o tipo de coisa que faz a vida da gente valer à pena.
Mas é claro, era passageiro. Foram três noites até que um vendaval o levasse pra longe.
Fulano tão perfeito; fulano, uma ilusão. Fulano, um delírio. Um sonho do qual não se quer acordar. Fulano uma mentira.
Às vezes, andando de trem, dou com fulano me observando do lado de fora. Sempre muito alinhado, ele dança com fulana. Fulana é delicada; fulana é bailarina. Fulana nasceu pra fulano.
Nesse mundo tão perfeito, fulana não sou eu.

2 de jun. de 2009

Desejos

Eu quero um sorriso puro, eu quero um olhar sincero. Quero a noite ao som de uma guitarra calma. De músicas de amor e compreensão.
E depois de você, que veio, foi e ficou, eu quero um novo alguém pra amar. Quero um ser humano pra adimirar.
Quero deitar na grama e pescar estrelas. Quero contar as mesmas histórias para quem não as ouviu. Quero o passado e o presente. Não necessariamente o futuro. O futuro me assusta, e hoje, não quero emoções; quero abraços. Hoje não quero juízo, quero lábios. Não quero consciencia, só quero amor. Quero carinho, calor, quero braços ao meu redor. Hoje, eu quero demais.
Hoje, eu só quero você. Você tão distante, você que nem me viu. Você que eu sempre amei, escondida nas esquinas. Você que eu persegui, de maneira eficaz como nunca fui.
Quero minhas paixões platônicas e certas. Irrealizáveis e perfeitas. Quero deitar nas estrelas e pescar histórias. Só hoje.