Vamos ver se faz sentido, depois de tanto tempo. Ver se faz sentido ler um livro, deitar no céu. Se ainda faz sentido te esperar, se meu coração ainda bate. Se meu sorriso ainda encanta, se minha alma ainda canta. Se minha fé ainda existe, se é que um dia existiu.
Vamos ver se meus olhos ainda suplicam, se minhas memórias ainda te tem. Se eu ainda sei brincar de pega-pega, pique-esconde e polícia e ladrão.
Se eu lembro como se anda descalço e como se chupa limão. Se eu ainda sei esperar as estrelas sem tocar em tuas mãos.
Se eu sei fazer castelos de areia e bolhas de sabão. Dobraduras de papel: chapéu de soldado, barquinho e avião. Se eu sei nadar no rio, correr na rua, me perder.
Quero apenas saber se eu posso viver em dois mundos, dando um passo de cada vez. Quero continuar crescendo sem ver. Mais do que isso, sem esquecer. De cada dia de uma infância não tão distante, que não sei se passa, ou se já é passado.
Sem pé nem cabeça
Há 10 anos