O mundo, a vida, eu e até mesmo outras pessoas, me ensinaram que escrever era o melhor remédio para curar uma dor qualquer.
Pois acho que abusei das palavras. Usei-as quando não era necessário só por achar divertido. Agora, eu as chamo, mas elas estão fartas demais para vir até mim.
Quando lhes conto meus problemas, elas não ouvem, talvez até o façam, mas fazem questão de ignorar cada fragmento dos sentimentos que tento expressar. Olham uma para as outras e balançam a cabeça negativamente.
Algumas saem do quarto, outras me dão as costas. São poucas as que tem a coragem de me encarar de frente. São poucas as que consideram oferecer-me apoio. A estas, eu não tenho a decência de agradecer. Apenas as uso, como já fiz tantas vezes, e como continuarei a fazer pelo resto dos meus dias.
Mas no fundo, tudo é medo. Medo de que tais palavras de coragem percebam que me ajudar é um erro. Medo de que elas se unam à aquelas que agora procuram outra "mãe". Medo de que se vá a Felicidade, a Esperança, e que no fim, o único que me olhe nos olhos, seja o próprio Medo.
Voltem palavras, por favor! Eu lhes imploro, voltem e tragam a Inspiração com vocês. Me deixem jogar a culpa em vocês. Me deixem dizer que são vocês que não me deixam dormir. Me deixem falar, me deixem pensar. Me façam voltar, me façam sentir... É tudo que eu lhes peço, amadas palavras.
Sem pé nem cabeça
Há 10 anos