1 de fev. de 2009

Texto Sem Palavras

Devo lhe informar caro amigo, que tenho medo. Tenho medo de que o cansaço me vença. Não que eu devesse me sentir cansada. Não. Meus dias contrariam meus planos, e a única coisa a qual me dedico é o ócio. É o nada. Já foi à dor, já foi à alegria, mas hoje... Hoje eu me cansei até mesmo do nada.
Nos últimos dias, troquei o nada por uma falsa sensação de descanso. Troquei as madrugas no computador, por noites insones. E foram estas noites que me trouxeram o medo. Não porque eu não dormia; isso é até certo ponto normal. Me trouxeram medo, porque minha insônia não foi justificada.
As palavras não vieram correndo até mim quando perceberam que eu pretendia descansar. Foram noites vazias. Noites nas quais eu não produzi uma linha, nem mesmo dentro de minha mente. Tenho medo de que as palavras me abandonem, de que eu fique sem abrigo, para sempre.
Talvez seja um exagero achar que todas as noites quando recosto em meu travesseiro, as palavras devam sair de mim, desvairadas e belas, sorrindo como criança. Talvez, somente talvez. Sempre foi assim. Se não sempre, a muito tempo.
Tenho medo de ter traído as palavras. As traído com uma paixão tola de menina, que quer tudo em demasia. Tenho medo de que as palavras não me consolem, não me completem.
Menina tola. Medo tolo. As palavras sempre me completarão. As palavras completam a todos (ao menos eu imagino que sim). Mas e se um dia elas se recusarem a me dizer quem sou? A me dizer onde estou e onde quero chegar? Se elas me completarem somente por conveniência e não mais por afeto?
Desculpe, não encontrei a resposta. Essa possibilidade me pôs a beira de um precipício, e caso esse dia chegue, eu vou pular. Vou voar sorrindo, sabendo que no fim da queda, quebrarei no chão. Mas as palavras ainda me sorriem, e eu só quero abandonar o medo, deixar o desfiladeiro de lado e aproveitá-las enquanto posso. Só quero desejar que seja pra sempre. Para o resto da minha vida, eu tenho a certeza de que vai ser.

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