Você me ensinou a receita do melhor strognoff do mundo. Eu te apresentei seu escritor espanhol favorito. Você me apresentou algumas bandas de metal - aquelas que eu nunca teria coragem de ouvir sozinha e agora ouço toda semana. Eu bati na mesma tecla até que você admitisse que gostava de Engenheiros do Hawaii.
Você disse que eu era linda. Eu disse que você era bom. Até que acreditássemos. Ambos.
Você disse que me amava e eu só pude perder o ar. E retribuir. Você disse que queria um filho. E eu disse não.
Eu disse que tinha algo pra te contar, e então instaurou-se o caos. Você disse não. Eu disse não. Sim. O mundo, a vida, disse sim. Não, você disse. Eu disse sim. Fui forte. Eu disse adeus. Fica, você disse. Você disse sim. E tão rápido quanto foi instaurado, o caos se desfez. Era não.
Você pediu perdão. Você me ensinou que não havia problema em chorar, e que forte é aquele que não tem vergonha de mostrar-se frágil. Eu enfraqueci. E teus braços apertaram-se ao redor dos meus. Aprendemos juntos. Os próprios gostos. O que fazia o meu nariz formigar. Qual era a melhor forma de levantar sem que você acordasse.
Eu tive ciúme. Você não viu. Eu te paguei um hambúrguer e você me deu flores. Tornei-me pequena. Você cresceu. O maior homem que eu já conheci.
Algo mudou. Um tropeço. Você disse tchau.
Em caminhos paralelos, nossos olhos nunca se perderam. Você nunca me deixou cair.
Você nunca me deixou cair.
Eu te ensinei a dançar. Você riu. Eu também.
Teus braços encontraram outros. Não que isso importe. Continuamos. Ao alcance um do outro. Em nossos corações, é claro.
Sem pé nem cabeça
Há 10 anos