25 de nov. de 2012

Livres. Versos.

Um a um, os anjos caem do alto do céu.
Como flocos de neve numa madrugada de inverno.
Como flores.
Pétalas brancas de margaridas,
Largadas ao vento num capricho de bem-me-quer.

E devagar, devagarinho...
Os grãos de areia se dispersam.
Duros, pequenos,
Arranham a pele das pernas enquanto passam por mim.

A maciez da relva é substituída pelo gelo do concreto.
Como um tapete tirado por debaixo dos pés.
O frio queima os calcanhares nus
E o céu, vazio, chora por um coração cheio;
Abarrotado de coisas que não têm.

10 de nov. de 2012

Se eu fosse embora

Se eu fosse embora, você continuaria a acordar na mesma hora. E o ar teria o mesmo tom acinzentado, como em todas as manhãs. Você deixaria em casa as mesmas coisas, aquelas que sempre esquece. O sapato apertaria os mesmos dedos e até o seu sorriso seria o mesmo. O tempo passaria com a mesma lentidão, se acelerando assim que você fechasse os olhos.
A comida teria o mesmo gosto, o mesmo preço. As porções seriam as mesmas e o copo da sua bebida continuaria quase cheio. O cansaço viria na mesma hora que vem todos os dias e você amaldiçoaria as mesmas coisas, imaginaria os mesmos cenários até enfim adormecer. Seus sonhos obedeceriam o mesmo padrão e ao acordar novamente você os esqueceria, como os esquece todas as manhãs.
Um dia após o outro, serão todos quase iguais. Cheios dessa quase felicidade de uma rotina estruturada.

4 de nov. de 2012

Dia a dia

Caminho devagar. Essa coisa de correr, de ganhar, nunca foi pra mim. Prefiro a mesa do canto à mesa do centro. Prefiro o silêncio à sua expectativa pela minha novidade. Prefiro incertezas muito bem calculadas e suficientemente caladas. Aos poucos eu aprendo a caminhar. Um passo de cada vez. Troco o medo do escuro pelo medo da sombra. Progresso lento, porém constante. Foi a melhor solução que encontrei.