8 de abr. de 2012

Resumo

Era a primeira ou a segunda ligação. Eu passeava ansiosa pela casa vazia enquanto tentava desvendar o mistério que ele sempre foi.
Estávamos para desligar quando ouvi uma pausa, uma frase não dita gritante o suficiente para que eu pudesse ouvir. Correspondi àquele impulso barrado pela razão com uma respiração profunda.
Enquanto minha mente negava aquilo que nem fora dito, eu perdi a razão. Acreditei em tudo o que já sabia e tive consciência de que não haveria volta.
Depois disso veio o tempo. Veio ele. Eu cheguei depois, pra ter a certeza de não estar só.
Pra nossa casa, eu trouxe uma coisa de cada vez. No meio da noite, eu ia na ponta dos pés até o armário, com o ímpeto de fazer as malas. Nunca cheguei a abrir uma gaveta.
Aos poucos eu mudei de lar, agora tudo está lá. Tenho que abrir aquele bendito armário todos os dias, na intenção de me encontrar.
Não é tão complicado assim. É melhor do que ter pedaços espalhados pelo chão.

7 de abr. de 2012

Peso

Meu caro; reafirmo que discordo do quadro que insistes em pintar. O horizonte é limpo. É a simples antecipação de um outro lugar.
Lugar no qual não há maldade, nem bondade, nem vazio. Cada lugar, inclusive este, é suficientemente cheio. Completo. Cabe à nós ajeitar a mobília para poder caminhar.
Teu verso confuso, teu vocábulo extenso demais, não tornam real o inferno do teu olhar.
Se tudo parece perdido, se tudo parece mentira, dá a tua mão. Deixa o dia cair e vem descansar.
Deixa eu te mostrar o meu mundo. Deixa que ele também seja seu. Viver não lhe será um simples desejo, mas uma possibilidade. Tão real quanto eu. E quanto nós.