Estávamos para desligar quando ouvi uma pausa, uma frase não dita gritante o suficiente para que eu pudesse ouvir. Correspondi àquele impulso barrado pela razão com uma respiração profunda.
Enquanto minha mente negava aquilo que nem fora dito, eu perdi a razão. Acreditei em tudo o que já sabia e tive consciência de que não haveria volta.
Depois disso veio o tempo. Veio ele. Eu cheguei depois, pra ter a certeza de não estar só.
Pra nossa casa, eu trouxe uma coisa de cada vez. No meio da noite, eu ia na ponta dos pés até o armário, com o ímpeto de fazer as malas. Nunca cheguei a abrir uma gaveta.
Aos poucos eu mudei de lar, agora tudo está lá. Tenho que abrir aquele bendito armário todos os dias, na intenção de me encontrar.
Não é tão complicado assim. É melhor do que ter pedaços espalhados pelo chão.