Arrumo as malas e as desfaço umas três ou quatro vezes. De nada adianta. O casaco não vai me proteger do frio e não vou nem comentar a escova de cabelo. Queria mesmo era te levar comigo, mesmo sabendo que é provável que nos separemos no caminho.
Queria tanto te levar comigo.
Por fim, eu abandono até mesmo a bagagem de mão. Comigo vai a roupa do corpo. Por pudor, e não por falta de opção.
Eu não teria te arrastado pro meio de tudo isso se soubesse que era assim que ia acabar. No fim, eu te deixo um punhado de memórias e o que mais você quiser levar. Saiba que eu te amei com todo o meu coração. E que amei cada um daqueles que ao perceberem minha ausência, sentiram-se traídos ou deixados para trás.
Não sei como vai ser. Partir sempre dói e eu sempre tive medo de recomeçar.
Que meu eu se perca no vento, que apenas ele, e mais ninguém, tenha de me levar.